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20070602

teatro mágico

“retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento...”

a cidade se devora em cada carro parado, em cada sinal fechado, em cada pedaço de vida mal resolvida. as buzinas teimam em protestar como se a quebra do silêncio pudesse trazer de volta as escolhas que eu nunca fiz. o que passou é passado, vejo pelo retrovisor. não há mais tempo para seguir por outra avenida. jamais saberei quem eu seria numa outra via de acesso. se eu tivesse tomado um atalho, uma rua estreita qualquer, que tipo de pessoa eu teria me tornado? não sei. mas gostaria muito de saber. pelo retrovisor, vejo todas pessoas que eu poderia ter sido e não fui. vejo todas as ruas por onde nunca me atrevi a passar. pelo retrovisor, vejo tudo que eu escolhi não viver enquanto a cidade me devora dia-a-dia.

“se vou pra frente, coisas ficam para trás. a gente só nunca sabe que coisas são essas...”

[*] to lucy

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