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20080927

poema

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

Álvaro de Campos - Lisbon Revisited (l923)

errática*


"Fui criada na roça. Meu pai dizia que as pessoas da roça são sábias, pois aprendem tudo com a natureza. A experiência de viver na fazenda me fez entender até os gays... Às vezes, uma vaca já com o bezerro grande, estava pronta para transar de novo... E o touro cheio de vontade de transar, mas os fazendeiros não queriam que a vaca transasse para ela não deixar de dar leite. Então, num cercado especial, botavam um boi gay junto com o touro e eles acabavam transando. Daí, entendi que a mãe natureza manda os gays... Imagina quanta gente a mais morrendo de fome ia ter no mundo, se não houvesse o gay? Porque a mulherada perdeu a chave da buceta... Portanto, se você conhece a mãe natureza, você não tem preconceito."

Elke Maravilha - Revista TPM



*Projeto Errática - Poema ao Vivo.
Oito poetas e artistas vão realizar performances e leituras que recriam no espaço real o diálogo da revista "Errática", em uma série de quatro encontros até 19 de novembro, sempre às quartas-feiras, no CCBB.

20080917

imprescindível

imprescindível


adj. 2 gén.,

que se não pode dispensar;
de que se não pode prescindir.
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20080916

enquanto isso, na inglaterra...

Lula na Inglaterra pergunta à rainha:
- Senhora rainha, como consegue escolher tantos ministros tão maravilhosos?
Sua majestade responde:
- Eu apenas faço uma pergunta inteligente. Se a pessoa souber responder, ela é capacitada a ser ministro. Vou lhe dar um exemplo.
A rainha manda chamar Tony Blair e pergunta:
- Mr. Blair, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem é ele?
Tony Blair responde:
- Majestade, esse bebê sou eu.
Ela vira pra Lula:
- Viu só? Mereceu ser ministro.
Lula maravilhado volta ao Brasil. Chama a ministra Dilma Roussef e lasca a pergunta:
- Companheira Dilma, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem ele é?
A ministra responde:
- Senhor presidente, vou consultar nossos assessores e a base aliada e lhe trago a resposta.
Vai então e cobra a resposta. Ninguém sabe.
Aconselham perguntar ao ex-presidente FHC, que é muito inteligente. Dilma liga pra FHC:
- Fernando Henrique, aqui é a Dilma Roussef. Tenho uma pergunta pra você: se seu pai e sua mãe têm um bebê e esse bebê não é seu irmão nem sua irmã, quem é esse bebê?
O ex-presidente responde imediatamente:
- Ora senhora ministra, é lógico que esse bebê sou eu!
A ministra vai correndo levar a resposta:
- Sr. Presidente, se meu pai e minha mãe têm um bebê e esse bebê não é meu irmão nem minha irmã, é lógico que ele só pode ser o Fernando Henrique Cardoso.
Lula dá seu sorrisinho sabido e diz:
- Te peguei, companheira Dilma. Sua resposta está completamente errada... o bebê é o Tony Blair!

cowboy fora da lei

Mamãe, não quero ser prefeito
Pode ser que eu seja eleito
E alguém pode querer me assassinar
Eu não preciso ler jornais
Mentir sozinho eu sou capaz
Não quero ir de encontro ao azar
Papai não quero provar nada
Eu já servi à Pátria amada
E todo mundo cobra minha luz
Oh, coitado, foi tão cedo
Deus me livre, eu tenho medo
Morrer dependurado numa cruz
Eu não sou besta pra tirar onda de herói
Sou vacinado, eu sou cowboy
Cowboy fora da lei
Durango Kid só existe no gibi
E quem quiser que fique aqui
Entrar pra historia é com vocês!
Raul Seixas

20080915

we love remixes.02

01. junior boys - no kinda man 02. hot chip remixando bright eyes – gold mine gutted 03. loney, dear - the city, the airport remix CSS 04. the notwist - this room remix four tet 05. yo la tengo - autum sweater remix tortoise 06. M83 - don't save us for the flames remix boom blip 07. explosion in the sky - catastrope and the cure remix four tet 08. goldfrap - you never know remix múm 09. radiohead - scarttebrain remix four tet


liv -------------------------> play

nada é impossível de mudar

Nada é impossível mudar
Desconfiai do mais trivial,
na aparência do singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar.
Bertold Brecht

20080914

bandas


kid abelha
mamonas assassinas
dominó
cachorro grande
raimundos
jota quest
engenheiros da havaí
pato fu
...

mais alguma?

20080912

manifesto de solidariedade à soninha


Venho solicitar a sua adesão a este manifesto de solidariedade a Soninha, que tem a coragem de criticar a vergonhosa forma de atuação da Câmara Municipal de São Paulo. Por isso, Soninha vem sendo hostilizada pelos demais vereadores paulistanos e, veja só a ironia, até ameaçada de cassação por falta de decoro!!! (mas não deveria ser o contrário???) Portanto, não se trata de um manifesto partidário e muito menos um apoio eleitoral ou declaração de voto, mas simplesmente de um clamor pela ética e transparência na política, e um repúdio à prática de jogar toda a sujeira debaixo do tapete e de perseguir quem acusa em vez de esclarecer os fatos denunciados. Podemos contar com a sua adesão ao manifesto?
Atenciosamente,
Maurício García

Nós, cidadãos e cidadãs que ainda acreditamos que a ética e a transparência são essenciais à política e à democracia, repudiamos veementemente os atos de hostilidade contra a vereadora e candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine, e consideramos inadimissível qualquer tentativa de intimidação ou ameaça de punição pelo simples fato de manifestar o seu pensamento e as suas opiniões.

Estamos todos solidários à vereadora Soninha neste momento, pela coragem de jogar luz sobre a obscuridade da Câmara Municipal de São Paulo - e pelo desprendimento de abrir mão do conforto e do comodismo de uma reeeleição praticamente certa como vereadora para entrar em uma campanha majoritária e influenciar decisivamente nos rumos do debate político e programático da cidade.

Quando Soninha afirmou na sabatina do jornal "O Estado de S. Paulo" que os vereadores paulistanos fazem acertos de todos os tipos e diferentes nuances, mais ou menos republicanas, para a aprovação de projetos na Câmara, foi como se riscasse um fósforo sobre um barril de pólvora.

A grande maioria dos vereadores simplesmente não admite que algum de seus pares questione as práticas e métodos próprios do parlamento paulistano. Quase como o "código de honra" da máfia, que manda exterminar quem se opõe às regras do crime organizado, alguns vereadores pedem a cabeça de quem ousa questionar o modus operandi das negociações realizadas na Câmara Municipal.

Não é segredo para ninguém que os projetos de lei - seja de iniciativa do Executivo ou dos vereadores - só entram em pauta após acordo entre os líderes partidários. Como se chega a esses acordos é o grande tabu - que a imprensa não aprofunda e que Soninha vem apontando desde o seu primeiro ano de mandato, sem grande repercussão.

Agora que é candidata à Prefeitura, as mesmas declarações ganham um enfoque diferenciado. Mas a nossa indignação é a mesma de Soninha contra essa prática dos vereadores paulistanos - que, em vez de pedirem a apuração das acusações e o esclarecimento das suspeitas, querem a punição da acusadora. Muito singular este senso de justiça e transparência.

Porém, São Paulo reivindica um novo parâmetro ético para qualificar o debate e dignificar a nossa representação política. Assim, a postura de Soninha deixa de ter apenas um caráter partidário para se transformar em um clamor de todos aqueles que amam esta cidade e desejam resgatar os sonhos e a esperança de uma sociedade mais digna, justa e humana.

Roberto Freire, presidente nacional do PPS
João Batista de Andrade, cineasta e ex-secretário estadual da Cultura
Paulo Baia, professor do Departamento de Economia da PUC
e seguem as demais assinaturas...

IMPORTANTE: A participação é aberta a qualquer cidadão. Estão listadas acima apenas as assinaturas iniciais do documento. A íntegra dos nomes dos apoiadores será atualizada e divulgada no decorrer dos dias. Para aderir ao manifesto, envie um e-mail para: vergonha@uol.com.br

economia

Salim e Sara chegam ao consultório de um terapeuta sexual.
O médico pergunta:
- O que posso fazer por vocês?
O Salim responde:
- O senior, bur vavor, bode ver nois transando?
O médico olha espantado, mas concorda.
Quando a transa termina, o médico diz:
- Não há nada de errado na maneira como vocês fazem sexo. E então, cobra R$ 70,00 pela consulta. Isto se repete por várias semanas!
O casal marca horário, faz sexo sem nenhum problema, paga o médico e deixa o consultório. Finalmente o médico resolve perguntar:
- O que vocês estão tentando descobrir? E Salim responde:
- Nada. A broblema é que ela é casada e Salim não bode ir no casa dela. Eu também sou casado e ela não bode ir casa de Salim. Na Play Love, um quarto custa R$ 140,00. Na Fujiama custa R$ 120,00. Aqui nós transa por R$ 70,00, com acompanhamento médico, tem um atestado e recibo, Salim reembolsa R$42,00 bêla UNIMED e ainda tem uma restituição da IR de R$ 19,20. Tudo calculado, eu só gasta R$ 8,80.

20080910

olé! a festa

[+] em: ffluir.com/show

eu quero alguém

Eu quero alguém
Na areia da praia
Eu quero alguém
Que use calça ou saia
Quero alguém
É melhor que nada
Quero alguém
Pra ter do meu lado

Pessoa rica
Pessoa pobre
Pessoa que ouve
Pessoa surda
Fria, bonita
Suja, cheirosa

Estou tão só
Meus pais não me conhecem
Meus amigos são chatos
Meu cachorro não me lambe
Mas eu quero alguém
Quero alguém
Eu quero alguém
Que me dê um cigarro
Quero alguém
Que puxe o meu saco
Quero alguém
Pra ir no cinema
Quero alguém
Não sou exigente

Quero alguém
Que seja gentil
Quero alguém
Que pareça com gente
Quero alguém
Na hora do jantar
Quero alguém
No Shopping da Barra
Pessoa jovem
Pessoa velha
Pessoa estranha
Pessoa santa
Diabólica, matemática
Emocionada, despreparada

Estou tão só
Meus pais não me conhecem
Meus amigos são chatos
Meu cachorro não me lambe
Mas eu quero alguém
Quero alguém

Eu quero alguém
Eu quero alguém
Eu quero alguém
Eu quero alguém...

(cazuza)

we love remixes.01

01. sebastian remixes -the rapture -get myself into it. 02. simian mobile disco- hustler - remix joakim 03. cut copy - lights and music remix boys noizs 04. feist - sealion - remix chromeo 05. death- white lies remix crystal castle 06. nine ich nails – the hand that feeds remix DFA 07. MSTRKRFT remix julliet and the licks -got love to kill 08. cut copy - hearts on fire remix joakim 09. MGMT electric feel remix justice

liv -------------------------> play


20080909

why parents drink

The boss wondered why one of his most valued employees was absent but had not phoned in sick one day. Needing to have an urgent problem with one of the main computers resolved, he dialed the employee's home phone number and was greeted with a child's whisper.
- 'Hello?'
- 'Is your daddy home?' he asked.
- 'Yes' whispered the small voice.
- 'May I talk with him?'
The child whispered:
- 'No'
Surprised and wanting to talk with an adult, the boss asked:
- 'Is your Mommy there?'
- 'Yes'
- 'May I talk with her?'
Again the small voice whispere:
- 'No'
Hoping there was somebody with whom he could leave a message, the boss asked:
- 'Is anybody else there?'
- 'Yes', whispered the child, 'a policeman.'
Wondering what a cop would be doing at his employee's home, the boss asked:
- 'May I speak with the policeman?'
- 'No, he's busy', whispered the child.
- 'Busy doing what?'
- 'Talking to Daddy and Mommy and the Fireman', came the whispered answer.
Growing more worried as he heard a loud noise in the background through the earpiece on the phone, the boss asked:
- 'What is that noise?'
- 'A helicopter' answered the whispering voice.
- 'What is going on there?' demanded the boss, now truly apprehensive.
Again, whispering, the child answered:
- 'The search team just landed a helicopter.
Alarmed, concerned and a little frustrated the boss asked:
- 'What are they searching for?'
Still whispering, the young voice replied with a muffled giggle...
- 'ME!'

...

Se não você, então quem? Se não agora, então quando?

Gary Herbert

Demissão de Alexandre Garcia

por e-mail

Com certeza, a Globo sofreria represálias caso não agisse desta m aneira. 
Situação semelhante ao do Boris Casoy. 

ALEXANDRE GARCIA - DEMITIDO DA REDE GLOBO 

Muitos com certeza viram esse vídeo, sem ter a noção do que poderia ocorrer. O que não se esperava é que uma pessoa como Alexandre Garcia, comentarista da Rede Globo, pudesse ser demitido por falar a verdade... CHEGAMOS À ÉPOCA EM QUE O HOMEM TEM MEDO DE FALAR A VERDADE PARA NÃO SER PREJUDICADO E TEM VERGONHA DE DIZER QUE É HONESTO PARA QUE NÃO RIAM DELE. 

Façamos nossa parte divulgando esse vídeo, em nome da DIGNIDADE DE UM JORNALISTA QUE PRESTA UM GRANDE SERVIÇO À NAÇÃO, mas foi demitido pela emissora global por dizer verdades que chocam os poderosos. 



É triste constatar que este e-mail só atinja 5% do eleitorado inteligente, pois os 95% restantes, que compõem a manada, continuarão a eleger e compactuar com a corja que assola nosso país. País este que continua deitado em berço esplêndido. único sem limite de espaço para armazenamento!

20080902

eu sei, mas não devia

(marina colassanti)

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduiche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
Agente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.

Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma.

* poesia publicada em seu livro de mesmo nome (Eu sei, mas não devia - Ed. Rocco - Rio de Janeiro - 1996). Com este livro Marina conquistou um prêmio Jabuti
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