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20091016

Osho

trechos selecionados pela: Marjorye

A primeira coisa a lembrar é que a idéia de perfeição é a causa arraigada de toda a neurose. A humanidade não tem sido saudável por causa da idéia de perfeição. O homem sofreu imensa e desnecessariamente. Apague a palavra “perfeição” do seu vocabulário. 

“Perfeição” significa que você está criando uma tensão em sua vida entre o que é e o que deveria ser – e essa tensão é o que cria a esquizofrenia. Você fica dividido; não é mais uno, você se torna dois. E nunca será uno de novo porque não há fim para a sua imaginação. Você sempre pode imaginar um estado melhor para as coisas. Onde quer que esteja, você sempre pode colocar sua meta em algum lugar lá no horizonte, e o horizonte nunca é alcançado. 
Você permanece não preenchido – não porque a vida torne difícil você ser preenchido; a vida é toda para seu preenchimento. 

A vida está pronta para lhe entregar tudo aquilo de que você precisa neste exato momento, mas sua idéia de perfeição se torna uma barreira. Então você não pode amar, não pode viver, não pode cantar, não pode dançar. Toda a celebração desaparecerá de sua vida; você se tornará mórbido. E isso é o que foi ensinado pelos chamados moralistas e os chamados religiosos através dos tempos. Durante milhares de anos, o homem foi condicionado para ser neurótico. A alegria aparece quando você se aceita como é. A alegria é uma função de imensa aceitação. 

“Perfeição” significa você se rejeitar. E lembre-se quando você se rejeita, naturalmente rejeita os outros também. Um perfeccionista é duro consigo mesmo e também com os outros. Ele não pode relaxar e não pode permitir que ninguém mais relaxe. Abandonar-se é impossível para ele, e condenará qualquer pessoa que estiver vivendo uma vida relaxada. 
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A vida está acontecendo, Deus está acontecendo. Isso é o que vida deve ser. No momento em que você se aceita, torna-se aberto, fica vulnerável, fica receptivo. No momento em que você se aceita, então não há necessidade de melhorar e alguma coisa. Então tudo é bom, então tudo é bom do jeito que é. Nessa mesma experiência, a vida começa a ter uma cor nova, uma música nova surge. 

Se você aceitar, isso é o começo da aceitação de tudo. Se você se rejeitar, está basicamente rejeitando o universo. Se você se rejeita, está rejeitando Deus; se você se aceita, você aceitou Deus. Então nada mais é preciso fazer senão desfrutar, celebrar. Não há reclamação a fazer, não há rancor; você se sente grato. Então a vida é boa e a morte é boa, então a alegria é boa e a tristeza é boa, então estar com seu amado é bom e estar sozinho é bom. Então tudo que acontece é bom porque acontece vindo de Deus. 

Mas você foi condicionado durante séculos para não se aceitar. Todas as culturas do mundo têm envenenado a mente humana, porque todas elas dependem de uma coisa: progredir em cima de você. Todas elas criam ansiedade em você; ansiedade é o estado tenso entre o que você é e o que deveria ser. As pessoas são obrigadas a permanecer ansiosas quando há um “deveria” na vida. 

Se há um ideal que tem de ser cumprido, como você pode ficar à vontade como pode estar em casa? É impossível viver qualquer coisa totalmente, porque a mente está ansiando pelo futuro e aquele futuro nunca vem – ele não pode vir; pela própria natureza de seu desejo, isso é impossível. Quando ele vem, você começará a imaginar outras coisas, você começara a desejar outras coisas. 
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A religião lhe dá olhos, ela é apenas uma claridade. Lembre-se, a claridade não lhe dá explicações, mas torna-o capaz de viver, torna-o capaz de amar. A claridade não lhe dá significados, mas lhe dá significação. Novamente, elas são coisas diferentes. Um significado é algo da mente, uma significação é uma experiência de vida; é existencial. 

Soube que Albert Einstein costumava dizer: “A religião sem a ciência é cega, e a ciência sem a religião é manca”. Com uma pequena mudança, eu gostaria de concordar – mas essa pequena mudança é significativa. Einstein diz: “A religião sem a ciência é cega”. Isso não está certo. É mais apropriado dizer a religião sem ciência é manca, e a ciência sem religião é cega, porque a religião dá os olhos. Proporciona insights sobre a realidade, insights sobre o interior e o exterior. Sim, é verdade, sem a ciência, a religião é manca, não pode caminhar. 

Você pode ver isso no Oriente: o Oriente é manco, realmente manco. E o ocidente é cego, realmente cego. A ciência dá energia, poder, velocidade, tecnologia, mas não lhe proporciona o insight sobre o que fazer com isso. Ela só lhe dá insight sobre a matéria, mas não insight sobre o seu próprio ser. Assim, o insight sobre a matéria se torna uma tecnologia cada vez maior e maior e você não sabe o que fazer com ela, mas, quando a tecnologia está ali, você deve fazer algo com ela. A ciência dá poder sem lhe dar sabedoria, esse é o perigo; e a religião lhe dá sabedoria sem lhe dar poder, esse é o perigo. No Oriente, as pessoas têm olhos, mas nenhum poder para fazer qualquer coisa. 

O futuro terá um tipo novo de síntese ocorrendo: a ciência e a religião se encontrando e fundindo-se uma na outra. Então, o homem não será manco e o homem não será cego.

A abordagem de Kabir lhe proporcionará muitos vislumbres do futuro, de que tipo de religião é possível. Pode chocá-lo muitas vezes, pode perturbá-lo muitas vezes – mas lembre-se, todo crescimento é doloroso. E com Kabir você pode crescer imensamente. 

Kabir não está interessado em lhe dar uma resposta, porque ele sabe perfeitamente bem que não há resposta. O jogo de perguntas e respostas é apenas um jogo. Não que Kabir não respondesse às perguntas de seus discípulos; ele as respondia, mas o fazia de uma forma divertida. Voce deve se lembrar dessa característica. Ele não é um homem sério; nenhum homem sábio pode ser sério. A seriedade faz parte da ignorância, a seriedade é uma sombra do ego. O sábio é sempre o não-sério. Não pode haver respostas sérias às perguntas, pelo menos não com Kabir, porque ele não acredita que haja qualquer significado na vida, e ele não acredita que você tenha de ficar afastado da vida para observar e encontrar o significado. Ele acredita em participação. Não quer se tornar um espectador,um especulador, um filósofo. 

Ele diz; “Pule para dentro da vida!”. Torne-se parte dela, pule com ela. E então você saberá – embora nunca seja capaz de transferir seu conhecimento através de palavras, para nenhuma outra pessoa. A verdade não é transferível. Mas você se tornará verdade e será uma luz nesta noite escura da vida e se tornará um caminho nesta selva da vida. Muitos terão insights em sua presença; você será um agente catalítico, mas não será capaz de dar respostas já prontas. 

Não pode haver respostas sérias às perguntas sobre o significado da vida, porque perguntar sobre a vida significa permanecer afastado dela e pretender que não somos a própria vida – e a partir daí você deu um passo em falso desde o começo. E, com o primeiro passo errado, todos os seus passos estarão errados. As perguntas, melhor dos casos, são uma forma de jogo e podem ser desfrutadas como tal. E não há respostas certas, apenas iluminadas, dadas e acolhidas alegremente por aqueles que sabem que estão num jogo.
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