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20091016

Semiologia

"Maneiras de examinar as funções mentais"

Dr. Joubert Barbosa (1942)

PERCEPÇÃO

        Percepção é a faculdade pela qual conhecemos um objeto que, por algumas de suas qualidades, nos causou uma impressão sensorial. É o conhecimento do mundo sensível pelos sentidos.

       Aproximando-se da sensação, é a percepção, entretanto, o conhecimento mais complexo das coisas, enquanto a sensação seria a consciência amorfa e indiferenciada pela pura presença do objeto. Ver a cor branca é uma sensação; ver a folha de papel branco, é uma percepção (Dunan).

Divide-se em:

a) Percepção simples: é a sensação representativa que cada sentido pode experimentar por si mesmo, independentemente do concurso de outros sentidos. Temos assim os odores, os sabores, os sons, objetos próprios respectivamente do olfato, do paladar, da audição, etc.

b) Percepção composta: é tudo aquilo que um sentido parece perceber fora e além do seu objeto próprio. Alguém pode dizer que ouve um grande sino que toca na vizinhança, tendo assim a percepção conjunta do som, do tamanho e de distância, baseado apenas no som que percebe, som que é objeto próprio do ouvido. As outras percepções (tamanho e distância) foram conseqüências de educação, hábito e associação.

       A percepção simples, limitando-se a traduzir em linguagem psicológica a ação dos agentes externos sobre os órgãos dos sentidos, está pouco exposta à alteração (ilusões, alucinações, etc.)

        As percepções compostas, por serem resultados de induções ou associações mais ou menos apressadas, nos expõem mais facilmente ao erro e às falsas interpretações.

         A percepção simples cansa mais que a composta.

PATOLOGIA DA PERCEPÇÃO

        TRANSTORNOS QUANTITATIVOS – Podem resultar de alterações dos órgãos dos sentidos ou de desordem do funcionamento psíquico. No primeiro caso estariam, por exemplo, alterações por lesões do aparelho auditivo. No segundo caso, os transtornos da percepção observados durante as crises maníacas.

        Hiperpercepção – Caracteriza-se pela multiplicidade e intensidade das impressões recebidas. Coincide, geralmente, com o aumento global da atividade psíquica. Em alguns casos, como nos estados maníacos, síndromes de hipertireoidismo, embriaguez leve, a hiperpercepção se acompanha de euforia. Outras vezes, como em certas neuroses, a capacidade exagerada de ver, ouvir, sentir, constitui um sofrimento para o doente.

        Hipopercepção – Caracteriza-se pela debilidade e diminuição de impressões. Coincide com o retardamento do ritmo psíquico. Algumas vezes a hipopercepção é tão acentuada que chega ao limite de ausência. Observa-se nos estados confunsionais, psicastênicos, síndromes depressivas, nas fases iniciais da esquizofrenia, etc.

        Nos casos de histeria é comum os pacientes acusarem diminuição ou ausência de sensibilidade tátil, diminuição de visão, etc. sem que exista propriamente uma perturbação da percepção.

        TRANSTORNOS QUALITATIVOS – Entre outros distinguimos:

        Micropsia – É o fenômeno segundo o qual os objetos são percebidos reduzidos em seu tamanho. Observa-se, muitas vezes nas psicoses auto e heterotóxicas.

        Macropsia – Os objetos parecem bem grandes.

        Dismegalopsia – Os objetos apresentam partes bastante aumentadas e outras extraordinariamente reduzidas.

        Multipsia – Percebe-se um objeto multiplicado várias vezes.

        Discromopsia – As cores proporcionadas pela percepção não coincidem com as do objeto.

        Ilusão – É uma desordem da percepção em virtude da qual o objeto é deformado. O paciente diz, por exemplo, ver um gato onde existe um coelho. Pode resultar da aplicação insuficiente da atenção ou de intervenção enérgica da afetividade e, finalmente, de influência da imaginação.

      A pareidolia é uma variedade de ilusão. A exaltação da imaginação dota um objeto qualquer de novos atributos, levando a que seja percebido como outro.

         A ilusão nem sempre é patológica e é muito comum nos estados toxinfecciosos, estados maníacos, alcoolismo, demência senil, etc.

Estado Alucinatório

         ALUCINAÇÃO – Segundo a definição clássica de Bell, alucinação é a percepção sem objeto. Enquanto, graças à ilusão, se deforma a realidade percebida, mediante a alucinação se acredita perceber o que realmente não existe.

         Dividem-se as alucinações em fisiogenéticas e psicogenéticas. As primeiras decorrem de alterações dos órgãos dos sentidos ou do sistema nervoso, as segundas resultam do mecanismo psíquico puro.


        A alucinação pode ser primitiva ou secundária. Algumas vezes constitui elemento essencial de uma perturbação mental, outras vezes secundário.

a)   Alucinações auditivas – Denomina-se acusma a falsa percepção de ruídos (sibilos, tiros, etc.). Fonema é a falsa percepção de palavras. Estas podem ser de pessoas conhecidas ou desconhecidas, dirigidas ao doente ou não, bem compreensíveis, às vezes, ouvidas apenas por um ouvido ou por ambos ao mesmo tempo. É possível ouvir também várias pessoas simultaneamente.

Diz-se que há alucinações bilaterais antagonistas quando, por exemplo, o ouvido direito ouve elogios e o esquerdo, insultos. Consiste o eco do pensamento em “ouvir” o paciente seus próprios pensamentos.
O conteúdo das alucinações auditivas varia geralmente com o estado afetivo. São comuns nas psicoses agudas, no delírio alucinatório sistematizado crônico, na parafrenia, na esquizofrenia, etc.

b) Alucinações visuais – Denomina-se elementares quando a falsa percepção se refere a sombras ou cores. E diferenciadas se se trata de pessoas ou coisas.

        Ainda podem as alucinações visuais ser:

1) verbais, quando o paciente vê letras ou palavras;
2) oníricas, quando as visões desfilam como no sonho;
3) liliputianas, quando entre as imagens normais, o paciente distingue figuras minúsculas, geralmente coloridas e dotadas de movimentos; são comuns no alcoolismo;
4) extra-campinas, em que o paciente distingue figuras fora do campo visual, isto é, atrás, acima ou abaixo de si próprio;
5) autoscópicas, segundo as quais o paciente vê a si próprio dentro de seu corpo, ou vê projetada fora de seu corpo sua própria imagem;
6) hemiopsicas, quando se refere apenas à metade do campo visual;
7) mistas, em que se combinam vários tipos de alucinações;
8) terroríficas, quando o conteúdo é de forte carga afetiva (incêndios, assassinatos, etc.).

        Quanto ao conteúdo, as alucinações podem ser zoopsicas (animais) ou antropsicas (homens), etc.

         As alucinações visuais são relativamente freqüentes nas psicoses toxinfecciosas e raras na esquizofrenia.

c) Alucinações táteis – Podem ser:

1) ativas, quando o paciente acredita que toca em alguma coisa que não existe, observando-se nas psicoses tóxicas e nos delírios místicos;
2) passivas, quando o paciente é tocado por alguma coisa estranha, pessoa, animal ou objeto. Não é raro que estas sensações se realizem nos órgãos genitais.

        Observam-se, sobretudo, na parafrenia e na psicose alcoólica.

         Nos casos de cocainomania verifica-se com freqüência a alucinação tátil ativo-passiva.

d) Alucinações gustativas e olfativas – O doente queixa-se, por exemplo, de que sente veneno na comida ou que puseram remédios para lhe roubar a potência. Observam-se na esquizofrenia e na parafrenia, acompanhando-se, geralmente, de delírio de perseguição e de influência.

e) Alucinações cenestésicas – Os pacientes têm sensação de que coisas anormais se passam com seus órgãos. O coração não tem sangue, o estomago está perfurado, a medula foi torcida, o cérebro está cheio de areia, o fígado passou para o lado esquerdo, etc. São comuns nos estados neurastênicos, depressivos, nos delírios de negação, hipocondríaco, esquizofrenia, etc.

f) Alucinações cinésicas – O paciente tem a impressão que seus braços se movem continuamente ou que está voando. Outras vezes há sensação de que não pode andar. Na “alucinação verbal e gráfica”, embora calado e parado, o doente tem a sensação dos movimentos necessários à articulação da palavra ou à execução da atividade gráfica.

g) Alucinações do sentido muscular – Experimenta-se a sensação de que o solo se levanta ou de que o corpo, leve como uma pena, voa. Também há impressão falsa da posição do nariz ou do tamanho do braço. Outras vezes não sabe o paciente informar se está de pé ou deitado. São fenômenos que se observam nos esquizofrênicos e histéricos.

h) Pseudo-alucinações – Resultam de atividade muito intensa da imaginação, em virtude da qual a imagem adquire o aspecto de percepção real. É comum, normalmente, depois de uma viagem a bordo, nos sentirmos, em terra, como se estivessemos navegando. Observa-se, por exemplo, como sintoma patológico, no delírio espírita episódico.

SEMIOLOGIA DA PERCEPÇÃO

        O estudo da conduta pode nos orientar sobre a existência de desordem da percepção. Algumas vezes a atitude, a expressão fisionômica, a linguagem espontânea, são suficientes para denunciar a presença de uma alucinação. Esta, entretanto, só se revela, geralmente, no curso de uma conversação conduzida com habilidade.
        Algumas vezes é na ausência do médico que as desordens se tornam mais interessantes. Aqui é um doente que sente gosto de veneno na comida, ali é outro que prefere ficar no “quarto onde não é possível ouvir os inimigos”. 
       Não raro se faz surgir com facilidade uma desordem latente da percepção. Assim, em certos casos de alcoolismo, basta passar a mão sobre a cabeça para que o doente sinta uma enorme quantidade de bichinhos.

        Durante a conversação deixa-se entender que se ouve alguma voz estranha, ou se vê alguma coisa de extraordinário. Outras vezes pergunta-se ao doente que está vendo ou que está ouvindo. A tarefa pode ser aliviada com o uso do questionário de Cimbal-Nágera.

QUESTIONÁRIO DE CIMBAL-NÁGERA

ALUCINAÇÕES AUDITIVAS

1. Você observou alguma coisa que não pode explicar?
2. Você se sente intranqüilo?
3. Ouviu vozes de pessoas estranhas ou desconhecidas?
4. Ouve vozes sem saber donde vêm?
5. São ruídos ou vozes bem nítidas?
6. Entende o que dizem? Falam perto ou longe?
7. Chamam pelo nome ou por apelidos? Em voz baixa ou alta?
8. São vozes misteriosas?
9. São pessoas conhecidas? Homens, mulheres ou crianças? 
10. As vozes vêm de sua cabeça ou nota que vêm de estranhos?
11. Por qual dos ouvidos ouve as vozes?
12. Você vê ou sente as pessoas que falam?
13. Ouviu algo enquanto falavam comigo?
14. Os outros doentes lhe disseram algo a respeito das vozes?
15. As vozes lhe desagradam? Por que?
16. Que dizem as vozes? Injuriam, insultam, ameaçam?
17. As vozes se dirigem a você ou se referem a você?
18. As vozes ordenam ou proíbem alguma coisa?
19. As vozes se referem aos seus pensamentos ou os repetem?
20. As vozes reproduzem os pensamentos antes ou depois que você pensa?
21. Outras pessoas ouvem o que você pensa?
22. Ouve palavras de desprezo, determinadas frases?
23. Dirigem censuras a você? Você cometeu algum delito?
24. Repita-me exatamente o que dizem as vozes.
25. São vozes isoladas, frases ou discursos?
26. Diga-me se ouve agora as vozes (tapam-se os ouvidos do paciente com as mãos, coloca-se um relógio sobre o conduto auditivo externo ou se põe em movimento o motor do pantostato).
27. São vozes mesmo ou produto de sua enfermidade?
28. Você julga que eu também possa ouvir as vozes?

ALUCINAÇÕES VISUAIS

1. Você viu alguma coisa estranha ou que lhe tenha chamado a atenção?
2. Você viu fantasmas, visões, homens, animais, fogo, chispas, sombras, fios, dinheiro, massas humanas?
3. Os fantasmas se moviam ou estavam fixos à parede?
4. Você se assustou muito com as visões?
5. Os fantasmas eram de tamanho natural?
6. A visão se aproximava ou se distanciava de você?
7. As visões se moviam se você fechava os olhos?
8. As visões eram escuras ou coloridas? De que cor?
9. Posso segurar alguns dos fantasmas?
10. Você viu coisas parecidas no sonho?
11. Tem visões somente à noite, ou também durante o dia?
12. Que você está vendo? (manda-se o paciente fechar os olhos e faz-se ligeira pressão sobre os globos oculares; mostra-lhe uma folha de papel branca, ou leva-se o paciente à janela).
13. Leia o que está no papel (entrega-se uma folha de papel branco).

ALUCINAÇÕES OLFATIVAS E GUSTATIVAS

1. Você sentiu sabor ou odor desagradável na comida?
2. Quiseram envenená-lo?
3. Os odores são agradáveis ou desagradáveis?
4. De onde vem o odor ou o sabor desagradável?
5. O odor desaparece rapidamente ou demora muito tempo?
6. O odor ou o sabor desagradável prejudica-o?

ALUCINAÇÕES TÁTEIS

1. Você sente alguma coisa estranha em seu corpo?
2. Acha que o hipnotizam?
3. Sente que o atormentam com influências estranhas ou correntes elétricas?
4. Sente como se o atingissem? (beijos, beliscões, cócegas, etc.)
5. As sensações são agradáveis ou desagradáveis?
6. Sente que alguém lhe atinge os órgãos genitais?
7. Masturbaram-no contra sua vontade?

ALUCINAÇÕES CINÉSICAS

1. Você realizou movimento contra vontade?
2. Sente que partes de seu corpo mudaram de posição?

ALUCINAÇÕES DE LOCALIZAÇÃO ESPECIAL

1. Você sente como se o levantassem no espaço?
2. Sente fortes empurrões?
3. Sente que as paredes balançam?
4. O solo oscila?
5. A cama ficou em posição vertical?

 

Alucinação é a percepção real de um objeto que não existe, ou seja, são percepções sem um estímulo externo.

Dizemos que a percepção é real, tendo em vista a convicção inabalável da pessoa que alucina em relação ao objeto alucinado, contudo muitas vezes esta vivência integra a um delírio mais ou menos coerente classificável em diferentes quadros psiquiátricos, incluindo a psicose, patologia psiquiátrica que, entre outros sinais e sintomas, se caracteriza pela perda de contato com a realidade. Entre possíveis causas das alucinações se incluem as reações à drogas e medicamentos,síndromes associadas ao stress, fadiga, perturbações do sono (especialmente sua privação), infecções (Febres) e entre as psicoses destacam-se a Paranóia e Esquizofrenia.

Em psiquiatria, esse conceito foi introduzido por Esquiroll (1772-1840), como percepção sem objeto e já diferenciando esta da ilusão ou percepção distorcida.

Sendo a percepção da alucinação de origem interna, emancipada de todas as variáveis que podem acompanhar os estímulos ambientais (iluminação, acuidade sensorial, etc.), um objecto alucinado muitas vezes é percebido mais nitidamente que os objetos reais de fato.

Tipos de alucinação

Estudos tem procurando reconhecer padrões recorrentes em cada um desses sentidos associado tais regularidades à características neurofisiológicas e psicopatológicas.

A classificação mais usual, se baseia nos cinco órgãos de sentido, qualquer um deles pode ser afetado e a vivência alucinatória possui as características do que naturalmente pode ser percebido ou seja, com exceção da sinestesia, as referidas sensações obedecem as leis da organização perceptiva de cada receptor ou órgãos sensoriais. Contudo o conteúdo percebido não necessariamente corresponde à realidade e sim à imaginação e vivências já registradas na memória

  • Alucinações auditivas. Geralmente são referidas vozes, dirigidas ou não ao sujeito que vivencia a experiência, com maior ou menor hostilidade – audição dos próprios pensamentos ou sons do mundo cotidiano. As referências mais conhecidas nas mitologias são o canto das sereias das lendas gregas e o chamado do próprio nome pelo Mapinguarida floresta amazônica. As alucinações auditivas devem ser distinguidas do resultante das afecções dos processos auditivos ocasionadas, segundo Luria, por lesão nos diferentes elos da cadeia auditiva, a exemplo das alterações do limiar de percepção, surdez (perda auditiva em diferentes graus), dor associada à intensidades sonoras (recruitment), zumbidos, chiados e ruídos (acúfenos) resultantes de processos patológicos distintos. Ainda segundo esse autor as alucinações auditivas (músicas, falas, etc.) podem ser provocadas por irritação das áreas primárias do córtex auditivo como o demonstraram as experiências de Forfoerster e Penfield.
  • Alucinações visuais ou hipnagógicas – percepções visuais de objetos que não existem, tão reais que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica – alguns autores propõem o termo “alucinose” para designar as falsas percepções onde o sujeito tem consciência da natureza imaginária ( um mundo não real ) de sua vivência. Quanto ao conteúdo podem não ter uma forma específica: clarões, chamas, raios, vultos, sombras, experiência caleidoscópicas semelhantes à mandalas etc, ou têm formas definidas, tais como pessoas, monstros, demônios, animais, santos, anjos, bruxas, essas últimas geralmente são integradas a um processo interpretativo delirante nas psicoses. As visões místico-religiosas se diferenciam dos processos patológicos, não pela forma e conteúdo do fenômeno vivenciado e sim pelo poder pessoal e inserção social do sujeito que as experimenta. São especialmente relevantes no estudo do fenômeno alucinatório dado a sua proximidade dos processos oníricos as alucinações oniróides, (sonho acordado)Freud refere-se a estas como “alucinações hipnagógicas”, utilizando a expressão de Johannes Müller (1826), “fenômenos visuais imaginativos”. estes consistem em imagens, com freqüência muito nítidas e rapidamente mutáveis, que tendem a surgir — de forma bastante habitual em algumas pessoas — durante o período do adormecimento; e também podem persistir por algum tempo depois de os olhos se abrirem. Alguns culturas ditas primitivas como os índios Paiaás (Nordeste), Tapirapés (Brasil central) e descendes dos Toltecas (México) referem-se a técnicas de sonhar e vivências do espírito fora do corpo. Na visão relativamente limitada (ao processo patológico) da psiquiatria denomina essas e outras experiência de alteração da imagem corporal como alucinações autoscópicas.
  • Alucinações táteis– estas podem ocorrer e qualquer um dos receptores (frio, calor, dor, pressão) que compõem esse complexo sentido, que na concepção do neurocientista Luria é o oposto ao sentido da visão, pois parte de elementos isolados para compor uma imagem global. Especialmente complexo na sua distinção dos sintomas orgânicos e interpretação da dor. A hipocondria e a histeria de conversão utilizam-se de mecanismos alucinatórios na produção de seus sintomas. Alterações da imagem corporal denominada dor e membro fantasma que se referem a sensações provenientes de membros amputados como se esses ainda fossem reais, nem a percepção visual do coto da amputação, pelo menos nas fases iniciais, anula a sensação táctil, com o passar do tempo é que se forma (reorganiza) a nova imagem corporal.
  • Alucinações olfativas – suas sensações confundem-se com o sentido do gosto, tanto podem ser agradáveis como desagradáveis, a depender da patologia e personalidade dos doentes, são comuns (como auras) em associações ásEnxaquecas e Epilepsias. Devem se distinguir de sintomas orgânicos – o gosto amargo ou ácido dos transtornos digestivos e especialmente as impressões olfativas, das interpretações místico-religiosas que identificam na percepção alucinatória de perfumes os processos intermediários das materializações e aparições de espíritos.
  • Alucinações sinestésicas — relação subjetiva que se estabelece espontaneamente entre uma percepção e outra que pertença ao domínio de um sentido diferente. Entre os processos de trabalho conjunto podemos citar a formação daImagem corporal – segundo Paul Schilder uma coordenação entre sensações espaciais (posturais), visuais e proprioceptoras e as denominadas alucinações sinestésicas ou sinestesia. Entre essas últimas destacam-se as provocadas por uma classe de substancias psicodislépticas denominadas Alucinógeno e Enteógenos explicadas talvez pela concentração de aferências sensoriais serotoninérgicas na região do Mesencéfalo onde atuam, e as sensações sinestésicas ou cenestésicas que segundo alguns psiquiatras (Paim) se constituem como desordens das sensibilidade interna sendo interpretadas como deformações corporais, presença de animais no interior do corpo, contato (cópula) com outras criaturas etc. variando conforme simbologia condicionada ás vivências passadas e contexto sócio –cultural do sujeito.

Estudos têm procurando reconhecer padrões recorrentes nas alucinações e alterações em cada um desses sentidos associado tais regularidades à características neurofisiológicas e psicopatológicas.

Referências

Ballone GJ - Alucinação e Delírio - in. PsiqWeb 2005

Freud, S. A interpretação dos sonhos. Vol IV, (1900). RJ, Imago

Luria, A. R. Curso de psicologia geral (v.2).RJ, Civilização brasileira (4 vol.)., 1979

Kolb, Lawrence. Psiquiatria Clínica. RJ, Interamericana, 1986

Paim, Isaias. Curso de Psicopatologia. SP, Grijalbo, 1976

Schilder, P. A imagem do Corpo, as energias construtivas da psique. SP, Martins Fontes, 1980 .




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