por gustavo almeida
as mulheres nos anos dourados, exposição organizada e produzida por juliana leite, ficará no museu da cultura da puc-sp de 22 a 26 de outubro, a instalação contará com fotos, ilustrações, música, projeções e textos, a intenção de provocar sensações e reflexões sobre a dupla imagem da mulher. entrada gratuita.
o objetivo central da exposição é refletir sobre a mulher e sua imagem durante os chamados anos dourados. traçando um paralelo entre a público e privado, procurando entender como as mídias na década de 1950 construíram uma dupla imagem da figura feminina.
por muito tempo as mulheres ficaram a margem da história, quase como se apenas o gênero masculino fosse o único a fazê-la. sair das sombras foi mérito do movimento feminino, no qual a mulher questionou-se e questionou a sociedade, na intenção de compreender as raízes da dominação e as relações entre os sexos através do espaço e do tempo.
apesar de sabermos da existência de movimentos femininos em épocas anteriores, será na sociedade de cultura de massa contemporânea ocidental que de fato surgira a figura feminina como sujeito e objeto e que utilizou-se tanto de sugestões provenientes dos estímulos libertadores políticos e sociais, quanto tradicionais, do velho estereótipo sobre suas imagens, para procurar produzir a sua identidade. é nesse momento que as mulheres começam a redescobrir seu corpo e sua sexualidade. ao mesmo tempo, a conquista possibilitou visibilidade e respeito, provocando na própria mulher ambivalências que se justificam justamente dentro da dialética entre a imagem e a realidade, entre o público e privado, onde se construiu modelos culturais do gênero feminino ainda pautados na hegemonia da classe média branca, bem como o desejo masculino e o fetichismo pelos objetos. numa época em que mostrar as pernas era atitude subversiva e ser fotografada nua, atentado ao pudor, lápis e tinta davam forma a essas mulheres enquanto o mundo real estava emergido no contexto de guerra.
nosso maior interesse é analisar e expor como e porque os desenhos das pin-ups, enquanto manifestação da cultura popular, veiculada pelos meios de comunicação de massa, tratou a questão da mulher e suas representações, no contexto de uma estrutura mais geral de desigualdade e opressão do gênero.