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20110403
VIVART!
via: Romualdo Marques
Inauguração das exposições individuais de Derlon no espaço 1 e Marta Jourdan no espaço 2 do Artur Fidalgo galeria.
Derlon
O artista apresenta, com seu traço de xilogravura, pinturas sobre madeira, em objetos e nas paredes externas da galeria, num cruzamento da iconografia popular do Nordeste com o contemporâneo mundo da imagem.
Abertura: 31 de março quinta-feira 19h30 às 23h
Exposição: 31/03/2011 a 30/04/2011
Artur Fidalgo galeria espaço 1
Rua Siqueira Campos 143, 2° piso ljs. 147/150
Estacionamento no shopping,
Rua Figueiredo Magalhães n° 598
Seg. a Sex. de 10h às 19h
Sab. 10h às 14h
Derlon Almeida
Artur Fidalgo Galeria
O traço de Derlon faz suas obras parecerem xilogravuras. Ele pode usar pincel, como os pintores, ou spray, como os grafiteiros, mas elas sempre dão a impressão de terem sido feitas com a coifa gravando em relevo a superfície da madeira. O artista consegue esse resultado explorando o contraste, de modo que as linhas pretas parecem cavadas no branco e vice-versa. Da arte de rua – grafite, lambe-lambe –, seu desenho traz a variedade de suportes e a tendência a explorar a arquitetura e o espaço urbano, adquirindo uma dimensão mural. Ele atualiza a xilogravura popular do Nordeste, misturando seres alados com aparelhos de som, de TV e ícones da cultura pop como o Mickey Mouse (a convite dos estúdios Disney) e sua metamorfose, o Macunamouse.
O artista do Recife mostra em exposição individual no Rio de Janeiro essa dinâmica entre a concentração na linguagem xilográfica do seu desenho e a diversidade de meios: pinturas sobre madeira; sobre objetos; um painel gigante na parede externa da galeria e uma série de lambe-lambe sobre jornal espalhada nas proximidades, em Copacabana.
Outro aspecto notável do trabalho de Derlon é que ele não cria matrizes, como na xilogravura; sua relação é diretamente com a imagem gráfica. Assim ele pode promover, esteticamente, o encontro de técnicas antigas e novas de reprodução: a imagem digitalizada e vetorizada pode ser impressa em adesivos, camisetas, ampliada etc. Com seu traço de xilogravura, ele produz um cruzamento original e impactante de um processo milenar de gravação ligado à iconografia regional do Nordeste com o mundo globalizado da imagem.
Nessa exposicão, figuras nobres de cartas de baralho, seres humanos e animais fantásticos, torres e casas antropomórficas se agrupam numa galeria de personagens que remete ao imaginário medieval. A série de reis e rainhas (o rei pode ter cabeça de leão ou de passarinho), antagoniza com a de torres e casas anímicas, que assumem a forma também de gente ou de bichos híbridos. Essas figuras, emblemáticas, são chapadas, reiterando a bidimensionalidade. Sua organização no espaço combina a sensibilidade geométrica com o aspecto naïfe. Os ritmos lineares criam texturas; os detalhes precisos em cores primárias surpreendem. O artista dialoga tanto com a gravura popular de J. Borges e a moderna de Gilvan Samico quanto com o design gráfico do cartaz de publicidade. Derlon Almeida encena, num cordel mudo, com humor, um jogo ou batalha de que, como uma peça ou um contendor, somos convidados a participar, decifradores encantados de seus signos mágicos.
Fernando Gerheim
Marta Jourdan
A artista expõe Óleo, peça cinética que reflete o entorno e,
uma vez acionada, suga a imagem refletida em 23 segundos.
Abertura: 31 de março quinta-feira 19h30 às 23h
Exposição: 31/03/2011 a 30/04/2011
Artur Fidalgo galeria espaço 2
Rua Siqueira Campos 143, 2° piso ljs. 147/150
Estacionamento no shopping,
rRa Figueiredo Magalhães n° 598
Seg. a Sex. de 10h às 19h
Sab. 10h às 14h
Fluido cinema
Marta Jourdan
Com óleo de carro, correias de motor de geladeira e cálculos físicos de tempo, área e velocidade, Marta Jourdan criou um dispositivo que, uma vez acionado, suga a imagem num redemoinho, antes de devolvê-la, nítida, à superfície espessa que espelha o que e quem estiver em seu campo de reflexão. Sem película, fita magnética nem memória de dados, Óleo (escuta-se olho) é um fluido-cinema de 23 segundos, em que a imagem é inseparável de sua consistência e perceptível como um movimento cíclico entre o raso e o fundo.
Como em outros trabalhos, dá-se aquilo que não poderia ser fixado em forma: o ponto de fusão do metal; o som da gota que pinga no ferro quente; o vento. Dispositivos fazem essas ações acontecerem anti-naturalmente, trazendo-as para o mundo da linguagem e da arte.
São dispositivos para fundir metais, superampliar gotas ou, no caso de Óleo, sugar imagens, que põem em curso processos que se desenvolvem por si mesmos, incorporam acidentes e, em alguns casos, se retroalimentam. As engenhocas, como ela chama, intervém na substância química ou no estado físico dos materiais. Esta arte cinética molecular investiga o interior do próprio movimento. Em Óleo, como em outros trabalhos da artista, a forma existe como uma anti-unidade que se diferencia de si mesma.
Fernando Gerheim
Artur Fidalgo Galeria
R. Siqueira Campos 143
2° Piso ljs 147 / 150
Rio de Janeiro RJ Brasil
tel: 55 21 2549-6278
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SENSATEZ
Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive.... |
CONFIA!
Mestre Irineu | O Cruzeiro 119
Confia
(marcha)
Confia, confia, confia no Poder Confia no saber Confia na força Aonde pode ser | |
Esta força é muito simples Todo mundo vê Mas passa por ela E não procura compreender | |
Estamos todos reunidos Com a nossa chave na mão A limpar mentalidade Para entrar neste salão | |
Este é o Salão Dourado Do nosso Pai Verdadeiro Todos nós somos filhos E todos nós somos herdeiros | |
Nós todos somos filhos E é preciso trabalhar Amar o Pai Eterno É quem tem para nos dar |
BURROS MOTIVADOS
via Luciana Nicolodi
Francesca Gavin |
A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. 'Cuidado com os burros motivados' Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
ISTO É -- Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.
ISTO É -- O Sr. citaria exemplos?
Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTO É -- Qual o resultado disso?
Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo..
ISTO É -- Por quê?
Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTO É -- Há um script estabelecido?
Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'? - Qual é seu defeito? Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: - Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar. É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!
ISTO É -- Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTO É -- Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
ISTO É -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: 'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTO É -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki -- Exatamente.. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTO É -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo. Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir..
ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas: A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTO É -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade... A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema.. Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: 'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'. Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.
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