tem uma história que aconteceu comigo e gosto de contar pra todo mundo porque foi surpreendente. lembrei por causa do post do coisas de marcelle! foi no auge da rebeldia dos meus 17 anos, 'convidado' pela família a fazer um curso de autoconhecimento. meus irmãos já tinham passado por essa prova de choque que consistia em permanecer confinado num hotel em atibaia durante todo final de semana: sem telefone, internet (o que ainda não era hit no momento!) e/ou contato com outras pessoas a não ser quem estivesse participando. a princípio achei tudo muito estranho, mas como outros conhecidos já tinham feito o tal curso, animei e fiquei curioso em saber porque tanta gente voltava querendo abraçar o mundo!
o curso se chama leader training e fiz pelo núcleo ser. daquele tipo: 'não pode contar o que acontece pra ninguém porque perde a graça pra quem vai fazer depois!' será então antiético da minha parte publicar uma experiência minha? bom, vou tentar manter o máximo de mistério pra quem se interessar em participar, porque vale à pena sim, mesmo concordando com o renato quando ao voltar pra são paulo escreveu um artigo sobre a tal 'lavagem cerebral'... pra muitos é exatamente isso! pra mim foi médio! no meu caso, valeu pra eu ter um foco na época! tinha estava sem saber o que faria depois da escola... além disso serviu pra perceber que a gente se apega nos nossos problemas e queremos deixá-los muito piores na real! é fato que amenizamos nossa dor quando comparamos aos outros e no meu curso tinham cem pessoas, todas muito intensas, cheias de problemas pessoais, traumas de infância e afins! fiquei bastante tempo pra poder entender o que estava fazendo ali! não tinha problemas... meu problema era não conseguir ajudar minha família na época que estava passando por uma certa crise e isso me deixava pra baixo, tanto é que demorei pra me 'jogar' no curso! é um conselho que todo mundo que participa fala: aproveita tudo, porque senão você vai se arrepender e nada ali é ruim, tudo faz parte!
mas voltando... resolvi postar pra falar de uma das atividades que rolaram lá, dentre tantos testes emocionais, o que mais gostei foi o de regressão consciente: ficavamos vendados e sendo guiados por alguém que não sabíamos quem, durante tanto tempo que acabei perdendo a noção, passeando pelos arredores do hotel. o engraçado, é que cada guia fazia o roteiro, ninguém podia falar nada e o único contato era a mão que não deixava seguro... dava pra sentir o cheiro e o clima do lugar, fazia sol, estava andando na grama e provavelmente tinham acabado de cortá-la. foi justamente aí que fui surpreendido: ainda vendado, um dos caras que ministrava o curso parou do meu lado e me perguntou qual era meu nome, minha idade e aonde estava! impressionantemente (nem sei se essa palavra existe na real, mas foi a minha sensação!) respondi: alex, seis, no meu clube! e tudo isso com a voz trêmula de criança... minha voz não saiu de outro jeito, foi até meio bizarro porque me lembro de tudo!
então tirei a venda e estava com uma mina que passei a chamar de mãe no curso, isso porque ela era gordinha como a minha e a lembrança foi da época que fazia escola de esportes no clube espéria. pra quem conhece, sabe que o lá é enorme, muito verde e todo aquele ambiente me transportou pra tanta tranquilidade... foi incrível, não lembrava mesmo disso e agora sempre quando sinto o cheiro da grana cortada e do sol batendo forte pós-chuva, abro um sorriso e sei que foram os melhores anos da minha vida: inocente e feliz! e é o que tento resgatar todos os dias, a esperança que tinha na minha infância!
(interna!) um 4: alex 'silva'